quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

Last Months

Gosto de pensar que o rumo da nossa vida pode ser representado numa espécie de serpentina ou espiral; uma linha contínua que se vai desenhando em círculos de diferentes tamanhos, uns maiores outros menores, consoante a importância e intensidade do ciclo que vivemos no momento. Imagino um gráfico tridimensional, na horizontal, onde cada volta da serpentina tem uma subida e uma queda, sem deixar de convergir para um certo ponto. Dependendo do ângulo do observador pode parecer um emaranhado de linhas, ou uma linha apenas, simples e definida.


Going Down
Em Maio o meu círculo Inov entrou na descida. Os feriados acabaram e a bolsa também estava a chegar ao fim. As circunstâncias impuseram um olhar mais consciente sobre o futuro próximo já que, com o fim do programa cada vez mais perto, as dúvidas eram muitas e a ansiedade corrosiva. Mais um turning point... Que rumo seguir? Que decisões tomar? Que oportunidades surgirão? Ouvia Zeca Pagodinho e na minha cabeça repetiam-se vezes a fio "deixo a vida me levar... Vida leva eu..." mas para onde? São Paulo..? Rio..? Brasil..? Portugal??





No trabalho as coisas melhoraram. Surgiu um novo projecto e fiquei com mais responsabilidade. A coisa tornou-se mais desafiante, e até fui convidada a ficar, mas no fundo sabia que aquilo "não era a minha praia". Em casa o João teve uma apendicite e, como se não bastasse menos um apêndice na população portuguesa, isso afectou um pouco a nossa rotina. Também o João entrou numa meia circunferência a descer, e bem mais rápida que a minha! Não deixou de ser uma experiência interessante fazer um tour por quase todos os hospitais de São Paulo em menos de 24 horas, mas as duas semanas de internamento vieram mudar o nosso quotidiano, quebrando a harmonia do dia-a-dia. Isso deu-me espaço para conhecer melhor outras pessoas e criar os primeiros laços p'ra valer no Brasil, além de também conhecer mais bancos de urgência que muitos brasileiros.


Marcela

A Marcela surgiu no timing certo. Víamo-nos todos os dias, mas só por esta altura resolvemos aproximar-nos uma da outra e trocar ideias. A dinâmica que se criou entre nós foi fantástica. Somos feitas da mesma matéria e compreendemo-nos como se nos conhecêssemos há anos. O papel dela no meu último mês em São Paulo foi crucial. Além de preencher a lacuna de uma amizade de igual para igual, trouxe-me a paz, estabilidade e sobriedade que estava a carenciar nos últimos meses. Entre conversas, pipocas, segredos, balas de hortelã, caronas, sushis, copy paste's, baladas, mamão com granola, risadas, lágrimas, tentativas falhadas de compras e muito mais, fomos mentoras espirituais uma da outra. Crescemos juntas a uma velocidade estonteante e ninguém conseguiu explicar a magia da nossa conexão. Nem mesmo nós. Obrigada brow, saudades de você amiga!


Choices

Em Julho entrei numa grande crise existencial que se alastrou até dezembro. Sabia que queria ficar no Brasil, mas não sabia como. Sabia que queria viver no Rio, mas não sabia a fazer o quê. Sabia que a decisão que tomasse teria impacto na minha vida e seria irreversível, como todas as escolhas que fazemos em etapas importantes da nossa vida. Então, o acaso trouxe-me a oportunidade de reflectir sobre isso com calma e ofereceu-me um trabalho numa agência de publicidade no Rio de Janeiro. Sabia que não era um trabalho para a vida, mas me daria o tempo e estabilidade necessários para pensar no próximo passo sem me precipitar. Logo de seguida soube da amnistia para estrangeiros, que vinha tornar possíveis mais dois anos no Brasil sem problemas de visto.


Rio de Janeiro

Mudei-me para o Rio e a certeza de que não queria abandonar este país tão cedo ficou cada vez mais clara. Não gosto de comparar as duas cidades, até porque, de facto, não têm nada que possa ser comparado. São completamente diferentes na sua essência. seria como comparar fruta e picanha. Ambas deliciosas, mas para apetites distintos. São Paulo é São Paulo, no seu estilo urbano, atropelado por um quotidiano stressante de carros e trabalho, bons restaurantes, luxo, bares e lojas de perder a cabeça.

Rio é A cidade maravihosa. Não dá para passar um dia sem contemplar uma vista, sem pensar "esta cidade é linda". E, como se não bastasse a sua estética quase perfeita, respira-se no ar uma energia positiva contagiante. As pessoas são bem-humoradas e encaram a vida com um sorriso rasgado na cara. Por mais pobreza e desgraça que as assombrem, aqui a vida aproveita-se de outra forma. Cada momento é abraçado com tudo o que de bom cada um tem para dar. Vive-se com paixão e como se não houvesse amanhã. Claro que também tem o seu lado menos bom, mas isso fica para outro post.


Agência

O trabalho na agência era light. O envolvimento pessoal é que foi bem hardcore. Foi um autêntico workshop de relações humanas. Nos meses que lá trabalhei vi coisas bizarras e senti-me parte do enredo de uma novela mexicana, onde eu só participava nas cenas de maior audiência que envolvem gritos, personagens dissimulados, tensão emocional e argumentos despropositados, resultantes de histórias descabidas de manipulação. Quando me dei conta que estava a enlouquecer, achei melhor zelar pela minha sanidade mental e sair fora. Felizmente existem sempre os bons da fita e também conheci pessoas incríveis que são hoje como uma família para mim.

quinta-feira, 18 de junho de 2009

Happiness

A aproximação do meu aniversário causou-me uma certa angústia. O dia de anos é sempre aquele dia em que nos sentimos especiais e deixamos que a nostalgia nos invada. Fazemos um balanço dos achievements dos últimos anos, e partilhamos os melhores episódios com os mais queridos. A ideia de passar o “meu dia” sem a presença de alguma figura de referência da minha vida deixou-me desorientada.

Passei a meia noite com o João e o pessoal lá do trabalho no Grazie a Dio (http://www.grazieadio.com.br/). Mas a comemoração que me iria fazer esquecer o oceano que me separava dos amigos e família estava para vir no fim de semana. Achei que Paraty seria o destino perfeito para celebrar o início de mais um ciclo da minha vida, não só por ser o lugar que mais me fez lembrar Portugal até agora, mas também por ser mágico e me ter transmitido imenso conforto. Falei com o Dinho que seria legal fazer a minha festa de anos no bar e se podia levar uma banda amiga para tocar nessa noite. A facilidade com que tudo se conciliou deixou-me bastante animada.

Alugámos uma Kombi, bem conhecida em Portugal como “Pão de Forma”, e lá nos fizemos à estrada, sexta à noite, rumo ao litoral do Rio de Janeiro. A viagem foi um filme de terror. A Kombi tem tanta estabilidade como um carrinho de compras do Lidl, e nós tanta experiência a conduzi-la como a pilotar aviões. Depois de 6 horas de tortura chegámos e achámos por bem festejar o facto de estarmos todos sãos e salvos com umas cervejitas e umas pevides, ao som do violão.

A casa que alugámos era um espectáculo. Três camas de casal, 2 beliches, alguns sofás, churrasqueira, piscina, rede... Enfim, um casarão!!! O gang que foi estava ao nível... Consegui reunir todos os que faziam falta. Acabou por ser um aniversário memorável onde surpresas não faltaram :)

Sábado passámos o dia no veleiro com muita caipirinha no meio do mar, não só na companhia do violão mas desta vez também do pandeiro! Haha Jantámos num restaurante simples e acolhedor e fui surpreendida com um vaidoso abacaxi para soprar os meus 24 aninhos. Seguiu-se o inevitável esquenta no Escritório da Cachaça e o concerto dos Zucas no bar do Dinho, onde a euforia foi proporcional à atenção que me foi dedicada. A noite acabou com um agradecimento à Vénus por ficar directa numa madrugada tão especial. Apteceu-me gritar 7000Km e partilhar com todos os que amo o quão feliz fui neste dia.

O resto do fim de semana foi uma celebração à moda cigana... Festa todos os dias! Mas o auge da ciganada foi ficarmos parados em plena auto-estrada no regresso. Pouco mais de 10 minutos após uma paragem no posto de gasolina para satisfazer a larica, 9 pessoas se esqueceram de ver como estavamos de combustível... hehe






quinta-feira, 30 de abril de 2009

Discovering

Ilha Bela
Ilha bela foi fantástico. Alugámos um carro e seguimos rumo ao litoral de São Paulo que tem praias paradisíacas que passam completamente despercebidas na Europa. A raquel arranjou-nos alojamento numa casa de uns amigos dos tios dela com 10 camas e 3 sofás, o que foi perfeito pois éramos 11. Sábado alugámos uma lancha e passámos o dia a saltitar de praia em praia na ilha. A cor da água é verde esmeralda e hipnotiza qualquer um! À noite fizémos a festa em casa com muita cerveja, alegria, música e jogos da máfia como a leotte lhes chama. No Domingo vimos as cachoeiras dos três tombos, aterrámos na praia e fomos completamente devorados por borrachudos e pernilongos – as melgas que deixam marca para o resto da vida! Isto já foi há mais de 3 semanas e contínuo a coçar-me das picadas de ilhabela.




No fim de semana seguinte ficámos por sampa para a despedida da Raquel que foi para NY fazer um estágio. Fomos todos sair para o Hotel Cambridge e foi uma noite cheia de surpresas. As quintas-feiras passaram a ser um pesadelo no trabalho... Todas as quartas os nossos zuquinhas tocam no bar Seu Justino (http://www.seujustino.com.br/), onde as caipirinhas são uma delícia e o repertório de músicas também (http://www.bandasimbora.blogspot.com/) !

Páscoa em Paraty
Sem dúvida este ano tive uma páscoa diferente... Decidimos passar o fim de semana grande em Paraty que fica no litoral do Rio de Janeiro. Chegámos sábado de manhã e rapidamente nos apaixonámos. Paraty faz lembrar as nossas queridas vilas alentejanas. Todos nos sentimos em casa! Fans da boa vida, também em paraty alugámos um barco para passar o dia. Se achava ilhabela o paraíso, fiquei sem palavras para Paraty... Praias absolutamente incríveis!!! Para não falar que não existem borrachudos! Só borracheiras... haha




A noite de sexta começou no “Escritório da Cachaça”, 2 metros quadrados com mais de 2000 garrafas de cachaça... Provámos várias mas sem dúvida as eleitas foram a “Vamos Nessa” e a “Gabriela Cravo e Canela”. Já tortos, fomos sair para um bar chamado Dinho’s que me fez lembrar o velho Bote na Comporta. Conheci o dono que rapidamente me deu liberdade para fazer as minhas próprias caipirinhas – desastroso..! O Dinho vive num veleiro e sustenta-se com o bar. Tem o estilo de vida com que muitos sonham nas grandes metrópoles... A simplicidade com que leva a vida chega a dar inveja!

Sábado foi um dia difícil... Fomos para a praia da Trindade na esperança de conseguir curar o excesso de cachaça do dia anterior, mas o acesso à praia era uma verdadeira prova do “Nunca digas Banzai!”. Após 20 minutos de hora de ponta na trilha com largura quase insuficiente para uma só pessoa e com escalada pelo meio, foi-nos interdito o acesso à praia pelos bombeiros pois 3 raparigas tinham sido comidas pelo mar.

À noite conhecemos mais duas personagens que marcaram esta minha passagem pelo Brasil. O George, um carioca com uma forma de estar contagiante que nos seduziu com as suas histórias e simpatia por Portugal,e o Bitô, figura saída de um filme do Kusturika, também de uma simplicidade admirável e um sentido de humor desconcertante! Com eles rimos muito e passámos um domingo de páscoa especial... No meio do mar lindo de Paraty ao som do violão.


Os regressos a São Paulo são estados depressivos crónicos. Chega às 16h da tarde de domingo e as expressões faciais mudam drasticamente. Um mix de nostalgia com revolta por não poder viver nesta letargia viciante para sempre. Nas nossas cabeças um eco grita “Não me leva daqui, PELO AMOR DE DEUS” haha




quinta-feira, 19 de março de 2009

Antítese

Mudança
Depois de muito stress, telefonemas, correrias a cartórios, leituras de contractos, conversas com advogados, idas ao banco e muito desespero… lá conseguimos um apartamento jeitosinho em São Paulo! Fica no bairro Moema, a 3,5km do nosso trabalho, e temos ônibus directo, o que nos facilita muito a vida a nível de deslocação. Pior que encontrar casa, pior que fazer a mudança, pior que tudo o que possam imaginar que envolva fazer um contracto de arrendamento, são as transferências de dinheiro para o Brasil e a falta de bom senso de alguns brasileiros! Enfim... só um pequeno desabafo do filme de terror que vivi para consumar o arrendamento do apartamento.
Mas valeu a pena a tortura, pois nas últimas semanas tem sido só disfrutar da casinha. Tanto que nem tem dado tempo de actualizar o blogue! :P





Carnaval
O carnaval chegou sem eu dar conta – em São Paulo a febre não é tão grande como no Rio e há muita gente que não gosta do carnaval – mas depressa fui assaltada pela folia quando cheguei ao Rio. A viagem de ônibus foi uma delícia, por mais estranho que isto vos possa parecer. Viaja-se deitado e as poltronas são tão confortáveis que é difícil perceber que estamos 6 horas enfiados num autocarro. Se pudesse ía de ônibus para portugal!!
Foram 5 dias de loucura… Éramos 20 numa casa com 3 quartos, onde até o metro quadrado da dispensa estava a ser aproveitado! Espaço mais optimizado que lá em casa, só mesmo a praia de Copacabana e Ipanema, onde era impossível ir ao mar sem pisar no minímo 3 pessoas. Todos os dias, de manhã à noite, se ouviam blocos pelas ruas com pessoas em estado de êxtase a emanar felicidade e transpiração por todos os poros. E quando pensava já ter visto tudo, surgiu a oportunidade de ir ao Sambódromo assistir ao vivo ao desfile das escolas de samba por 15€ regatiados na candonga. Ao pé do carnaval do Rio os nossos santos populares e o 1º de Maio em Berlim são para crianças!
Mas o carnaval não foi só caipirinhas, calor, samba e praias… :P Algum do meu tempo dediquei a namorar a cidade que parece ainda mais maravilhosa do que da última vez que a vi. Caminhar no calçadão.. Subir o pão de açucar.. Ir de bondinho a santa teresa.. Ver o pôr do sol em ipanema..








De volta a São Paulo
Do carnaval até hoje o tempo passou a correr. No fim de semana seguinte recebemos os inovios de São José dos Campos e pouco tempo depois chegou a primeira visita de portugal. As semanas passaram a voar entre jantaradas, choppes e churrascadas. Decorreu um evento chamado restaurant week (http://www.restaurantweek.com.br/) onde muitos dos restaurantes mais badalados se disponibilizaram para almoços e jantares a preço fixo. Fomos ao Chácara Santa Cecília (http://www.chacarasantacecilia.com.br/) que é bem giro e ao Ó do Borogodó ouvir sambinha ao vivo. Também descobrimos o Diquinta (http://www.diquinta.com.br/), um barzinho samba rock bem legal.




De volta ao Rio
Tive oportunidade de voltar ao rio e desta vez fazer programas mais locals como jantar na Lapa e ir à Casa Rosa. Mas o que vai ficar para sempre na minha memória foi a ida à festa funk na favela Rio das Pedras… Apanhar uma van e ir a uma festa funk numa favela é qualquer coisa como andar de montanha russa a ver porno – calculo que a adrenalina seja equiparável :P




Trabalho
No trabalho dei por finalizado o período de adaptação. Mais disperta e integrada no ambiente, anseio desesperadamente por desafios que me façam crescer profissionalmente mas, entre o que o programa inov aspira ser e o que realmente é, o único desafio que tenho enfrentado é o da paciência de jó. Vou tentando abstrair-me da perca de tempo que é ir trabalhar todos os dias e programando explorações ao território brasileiro. Próxima paragem será Ilha Bela que só pelo nome dispensa introduções (http://www.terraemarturismo.com/) *


domingo, 8 de fevereiro de 2009

Getting established...

Domingo fomos ao estádio do Morumbi com o Renatão (colega de trabalho) assistir ao jogo do São Paulo Futebol Clube contra o Santo André. Claramente me vendi ao Palmeiras, o São Paulo não joga nada!!É tipo o benfica aqui da zona :P Mas o pior de tudo não foi vê-los jogar mal e ouvir o público mandar o árbitro (desculpa mãe) tomar no cu, foi a sauna que tivemos de suportar para ver o jogo! Sol de chapa durante duas horas… Deu para pegar uma corzinha, comer 10 sorvetes e beber 5 litros de água.

A semana foi marcada pela ansiedade de encontrar uma casa. Eu e o joão já corremos meio São Paulo de ônibus e nada até agora. Apartamentos normais é quase impossível encontrar mobilados e, quando encontramos, não fazem contractos de seis meses; flats há muitos mas nem todos têm geladeira ou fogão e, quando têm, já saiem fora do nosso budget; fora os promenores localização, transportes à mão, etc.. Só para terem uma pequena ideia do que têm sido a odisseia encontrar apê.

Para evitar longas horas de trânsito no regresso a casa, cá é muito comum ficarem no boteco a beber chopps depois do trabalho até a hora de pico passar. Terça, mesmo não tendo carro nem casa, alinhámos no programinha paulista com os colegas de trabalho e provámos pela primeira vez o chopp Original que é bem parecido à nossa Super Bock. Quinta fomos a um bar de sinuca e ficámos, desta vez até um pouco mais tarde, a dar tempo ao trânsito, na companhia dos big bosses da empresa, da happy hour da caipirinha e muitas porções de salgadinhos. Se com algumas caipirinhas já pensava ver as bolas da sinuca todas iguais, o João chamou-me à atenção para isso mesmo – aqui as bolhas de snooker são todas preenchidas, não há pijamas! As equipas dividem-se a jogar às bolas pares e impares, sendo a preta uma bola normalíssima. No ínicio do jogo tira-se uma bola ao calhas para fora e volta-se a pôr no final, quando já não há mais bolas da nossa equipa para meter. Baralhados?? Pois, por isso mesmo é que preferi ir para a mesa de pimbolim (Matraquilhos :P)

Sábado com o sol bem alto e bem quente fomos ao parque ibirapuera – o Central Park de São Paulo. Alugámos bicicletas e percorremos os 1500km2 de pura natureza que o parque tem. À noite fui sair com a Mayara e o Philipe (zucas que conheci no Oasis antes de vir) para o Fidalga 33, um barzinho simpático em Vila Madalena. Era a festa de anos do Philipe e por isso, a cada 15 pessoas que entravam, ofereciam uma garrafa de Jeropinga.

Deixo-vos os primeiros registos fotográficos tirados em São Paulo e aproveito para partilhar algumas curiosidades. Em Sampa as passadeiras existem como mero elemento decorativo – ninguém pára para os peões passarem e, se estiverem a atravessar na passadeira, é uma sorte se vos apitarem para sairem da frente! Quando cá vierem lembrem-se disto, pois já ía sendo atropelada umas quantas vezes. Aqui o MacDonald’s tem entregas ao domicílio e um Happy Meal chama-se Mac Lanche Feliz. Ah! E se por acaso receberem brasileiros em Portugal não lhes dêem água Penacova para beber. É que para eles lê-se “Pé na Cova” e é água que mata a sede e não só! Hahaha =) *






sábado, 31 de janeiro de 2009

First Impressions

Departure
Bom… Depois de muita vacina, muita burocracia e muita festa lá chegou o momento de finalmente embarcar rumo à terra de vera cruz. O vôo não foi dos mais agradáveis que já tive – tirando os nervos habituais e não habituais por ir seis meses de viagem, as hospedeiras e o serviço da Tap são lamentáveis.

Arriving
Aterrada no Aeroporto International de São Paulo, também conhecido como Aeroporto de Guarulhos ou Aeroporto de Cumbica, não queria acreditar no bafo que estava! Imaginem que toda a cidade acabou de tomar um banho de imersão e conseguem compreender o “vapor” que se sente a andar na rua.
O meu primo zuca foi-me buscar ao aeroporto e para não apanharmos hora de pico em São Paulo - que pode chegar a 200 e poucos km parados nada apetecíveis – levou-nos a jantar a uma churrascaria brasileira a caminho para pouparmos duas horas de trânsito. A minha primeira refeição em Sampa deu para perceber que claramente ou me ponho a correr o tartan todos os dias ou engordarei no mínimo 30kg durante a minha estadia. Os empregados traziam compulsivamente diferentes tipos de carne. Um manjar riquíssimo com uma variedade de sabores interminável… Até rã no espeto provei!!!!!! E acreditem… BEM BOM!!!!
As primeiras duas semanas aluguei um Flat com o João no outro lado da rua das nossas empresas, até encontrarmos apartamento para o resto da nossa estadia. As condições aqui são agradáveis e tentadoras, é igualzinho a estar num hotel mas chamam-se flats.
No trabalho é só gente alto astral com boa disposição. Há um grande debate à volta do clube que eu vou escolher para torcer. Até agora estou bastante inclinada para o Palmeiras mas amanhã já vejo se vale a pena quando os for ver ao estádio :P
Na noite de quarta-feira fui convidada pelos patrões a ir a um jantar da comunidade tuga deles. O restaurante é conhecido em São Paulo, o cozinheiro é português e o ambiente muito agradável. Misturada no meio de uma lista de pratos requintados e com toque nouvelle podíamos encontrar Alheira de Mirandela a preço de ouro. Aproveito para desmistificar dois grandes mitos – Tudo no Brasil é barato e faz sempre bom tempo do outro lado do atlântico. O nível de vida em São Paulo é caríssimo e quando chove aqui, chove à séria!!!
Um dia à ricos, outro dia à pobres… Quinta tivemos de ir à polícia federal registar-nos e tratar de burocracias. Andámos de ônibus e trem pela primeira vez para chegar ao cabo mais velho, que aqui se chama lapa. Posso dizer-vos que o nosso dia dava uma curta-metragem em fast-forward connosco a correr dum lado para o outro a buscar papéis, selos e assinaturas. No fim da tarde fui visitar as instalações do AICEP que ficam num dos bairros mais luxuosos de São Paulo num bruto casarão. Espero ter oportunidade de fotografar as instalações para vocês perceberem o que é luxo aqui. Mas vão imaginando aqueles casarões das novelas porque anda lá perto.
Acabei o dia a beber o meu primeiro e merecido chopp brahma num café bem giro – peçam-me para vos levar lá se vierem cá. Ainda deu para ver umas lojinhas e comprar o primeiro par de hawaianas haha


Primeira Balada
Ontem como é óbvio foi dia de primeira Balada… Graças aos contactos que fiz no Hostel antes de vir já tenho uma mini rede social aqui e fomos a uma festa organizada pela Roberta – relações públicas do Hotel Cambridge. É um antigo hotel que foi frequentado pela alta sociedade e agora é usado para fazer festas. Outro sitio para vos levar… O espaço é brutal e tem 3 áreas com decorações distintas, aproveitando algum do mobiliário antigo do hotel, onde funcionam 3 festas diferentes em simultâneo na mesma noite, todas as noites… Ontem era festa samba rock (a que nós fomos e que de rock não tinha nada, era mesmo só sambinha), festa GLS (Gays, Lésbicas e Simpatizantes) e festa gótica. Não se pode passar duma área para outra mas nós tivemos direito a visita guiada. Tivemos também direito a uma garrafa de champagne oferecida pelo dono em forma de boas vindas aos camaradas portugueses hehe. O resto da noite foi com muita caipirinha e muita lição de samba. Acho que em duas semanas já vou estar pró.


Primeiro Balanço
Positivíssimo. Estou a adorar! Uma constante na minha cabeça depois do pouco que vi é “São Paulo arruma NY a um canto”. Não me refiro à beleza da cidade, refiro-me à vida social e espaços. São Paulo é uma cidade feia vista de fora, não tem grandes atracções ou paisagens, são só prédios e alguns bem feios! Mas quando entram num condomínio, loja, bar, restaurante ou o que seja, os jardins têm todos o toque de paisagistas, as decorações são espectaculares, o serviço é 5 estrelas e têm conceitos inovadores. Aqui diz-se que se pode estar 14 anos consecutivos sem almoçar ou jantar num sítio repetido… Ainda tenho milhares de coisas para ver… Estou encantada! Venham comprová-lo!